(Capela Olhos D`água)
Restauro da Capela
Nossa Senhora da Lapa
Primeira Etapa do restauro
Fixação de policromia:
Fixação de estratos de pintura e douramento, para evitar que se soltem durante os trabalhos de restauro. Este processo pode ser realizado superficialmente com Primal diluído em álcool (1:1) com uma seringa e voltar o estrato pictórico com o auxílio de uma espátula. Utilização de folhas de melinex para compressão.
Higienização:
Remoção de sujidade superficial (poeira acumulada) que pode ser realizada com trinchas de cerdas macias e aspirador de pó.
Desmontagem e remontagem:
Deve ser avaliada a necessidade do desmonte do fundo do retábulo, do armário, do forro do cômodo e dos outros elementos. O processo de desmonte deve ser feito com cuidado e perícia para não danificar as peças ainda mais.
Remoção de consolidações inadequadas:
As consolidações com cera devem ser removidas, na medida do possível, se o processo não for causar mais dano do que benefício.
Detenção de trincas e enxertos:
As trincas devem ser contidas com o uso de “borboletas” feitas com madeira de cedro. Deve se observar a necessidade de colocação de enxertos e, se necessário, estes deverão ser feitos com madeira de lei tratada.
Abertura de galeria:
Devem ser abertas com espátulas e bisturi pela parte do verso. Não se devem abrir galerias nas áreas com pinturas artísticas.
Descupinização:
A aplicação de produto para descupinização deverá ser feita com Synper Plus aplicado por injeção ou com pincel, de acordo com a recomendação do fabricante e com o uso de equipamento de proteção individual (EPI) adequado.
Consolidação:
A consolidação pode ser feita com uma massa de adesivo PVA, pó de serragem e microesfera.
Reforços estruturais:
Após o desmonte observar a necessidade de reforços estruturais.
Substituição das cambotas do forro fragilizadas ou que não estejam exercendo sua função de sustentação.
Desmontagem dos painéis e do armário, se necessário e troca das estruturas posteriores dos mesmos, nas áreas comprometidas.
Remoção de repintura:
Para realizar os procedimentos de remoção das camadas de repinturas, devem ser realizados testes para confirmar qual a melhor técnica a ser adotada.
Devem ser testados removedores líquidos, pastosos, composições com DMF, aguarrás, entre outros, para verificar qual material será o mais indicado para este trabalho, em cada um dos locais.
A remoção das camadas de repintura poderá ser realizada à seco, com a utilização de bisturis e espátulas. Esta técnica pode ser complementada pela utilização de soprador térmico com cuidado para não afetar as camadas subjacentes.
Em seguida, testa-se a utilização de removedores químicos – podendo utilizar os removedores pastosos - removedor Striptizi Montana® ou a mistura de solvente DMF+Xilol 75:25.
Recomenda-se sempre iniciar os procedimentos pelos métodos mecânicos e depois pelos métodos químicos. Todo o processo deve contar com o cuidado de preservar as camadas subjacentes, incluindo a pintura original, de forma a não danificá-la. Muita cautela na adoção de removedores pastosos.
Nivelamento:
Em todas as lacunas deverá ser feito o nivelamento com massa de gesso, adesivo PVA e aplicação de lixa fina.
Reintegração das pinturas:
Deverá ser feita com tinta guache da marca Talens, pigmento orgânico diluído em verniz Paralóid ou tintas da marca Maimere; devem ser utilizadas as técnicas do pontilhismo ou do tratteggio de preferência.
Apresentação estética:
Poderá ser feita nas áreas com grandes perdas de policromia a fim de devolver a leitura estética da obra, sem, no entanto, cometer falsos estéticos e históricos.
Camada de proteção:
Poderá ser usado Paraloid B72 a 10 % com 3% de cera microcristalina para vernizes foscos.
Documentação técnica e fotográfica:
Deverão ser apresentados relatórios de acompanhamento de obra com a documentação fotográfica de antes, durante e depois das intervenções.